terça-feira, 28 de abril de 2020

Crédito Privado - mais rentabilidade em tempo de juros baixos

Muito se fala nos blogs de finanças sobre ações, títulos públicos, fundos imobiliários. Mas existe uma outra classe de ativos muito menos falada, que são os créditos privados.

Na verdade ela é bem falada também, pois temos discussões de CDB, LCI e LCAs o tempo todo, porém estou falando especificamente de créditos de empresas, os famosos CRI, CRA e Debêntures.

Dado nosso momento atual, único na história do país, de juros baixos e inflação baixa, muita gente acha que a renda fixa perdeu o sentido, porém isso não podia ser mais errado.

Num país com juros baixos, é natural que as empresas busquem mais o mercado de capitais como forma de financiamento, e não apenas procurem financiamento bancário tradicional.

Para nós investidores, isso significa uma variedade enorme de emissores, prazos, indexadores, garantias.

O grande problema de 95% dos investidores é que eles baseiam suas decisões no nível atual da taxa de juros. Nesse raciocínio, com juros a 3,75%, realmente não é uma boa investir em uma debênture de 10 anos. Se o título render 100% da Selic atual, estamos falando de 44% de rentabilidade depois de 10 anos sem você tocar no seu dinheiro. Parece pouco não é?

Porém, o que muita gente não é familiarizada é com o conceito de curva de juros futura.

Não vou me estender muito no assunto aqui, mas a curva de juros futura basicamente prevê onde os juros básicos estarão em diversos prazos no futuro, como daqui a 1 ano, 3 anos, 10 anos.

E as empresas se baseiam 100% nessa curva de juros ao emitir suas dívidas!

É o mesmo conceito dos títulos públicos. Por que uma NTN-B 2050 está pagando IPCA + 4,50% num cenário de juros a 3,75%? É porque ela está baseada na curva de juros futuros.

E dado todo o cenário de incerteza que estamos vivendo, tanto político quanto do coronavírus, a curva de juros futura aumentou bastante.

É um ótimo momento para se investir no mercado de dívida corporativa, aproveitando a alta remuneração que vários títulos estão oferecendo.

Claro que existe um risco maior, que é o de pagamento da própria empresa. Muita gente ainda tem RDVT11 na cabeça (ou no bolso). Nesse sentido, é bom evitar empresas de segmentos que foram altamente impactados pela crise, como turismo ou varejo presencial.

Porém, uma outra ótima notícia é que CRI, CRA e Debêntures de infraestrutura são isentas de IR.

Várias corretoras oferecem ótimos produtos, entre elas cito XP, BTG Digital, Easyinvest, Ágora, Guide e Rico. É só entrar na sua corretora e procurar as principais opções. Hoje conseguimos encontrar dívidas isentas de Petro ou da Vale pagando mais de IPCA + 4%. Existem opções de outras empresas de CDI + 2%, por exemplo.

E melhor ainda, o padrão da indústria é pagamento de juros periódicos, então além de tudo esses títulos podem ser um ótimo aliado na IF, também como um gerador de fluxo de caixa, como os dividendos ou os alugueis.

Então fica a dica.

E lembrem-se de sempre olhar o rating da oferta (AAA é o melhor e o ideal é não comprar nada abaixo de AA) e procurar o segmento em que ela atua, pois como eu falei, nessa crise alguns setores foram mais afetados que outros.

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