segunda-feira, 20 de junho de 2016

Erros cometidos nos investimentos

Aproveitando o gancho do nosso amigo Beto Fiscal, vou comentar neste post sobre 2 grandes perdas que eu tive e as lições que tirei delas:

1) O caso OGX

Não, eu não fui um dos investidores que comprou os projetos de Eike Batista e acreditava em tudo que ele falava, pelo contrário, sempre tive algumas suspeitas de que suas empresas não fossem pra frente, mas é claro que não esperava uma decorada como a que aconteceu.
Eu observava tanto a OGX quanto a MMX e via que ambas variavam muito, num dia -5%, no outro +6%, depois -4%, enfim, altíssima volatilidade, e vi nisso uma chance de ganhar dinheiro.
No começo é claro que deu certo, é sempre assim, comecei com pouco mais de R$8 mil e logo já estava operando com R$11 mil, apenas dos ganhos que obtive. Lembro que uma das operações me gerou 700 reais de lucro em 3 dias. Foi aí que eu coloquei a grana na OGX, esperando valorizar 2 ou 3% pra já vender de novo, mas uns dias depois de comprá-la, a cotação desabou.
Claro que eu me desesperei, nessa época R$11 mil eram uns 6 salários meus, mas não vendi, mantive as ações acreditando que elas fossem se valorizar novamente. Então até aqui já temos 3 erros cruciais: 1) operar com lixo (OGX sempre foi lixo); 2) não usar o stop loss e 3) manter uma ação perdedora e passar a ser um torcedor.
O quarto erro foi o que mais me marcou. Depois de afundar, a ação começou a se valorizar novamente, lembro que meu PM era de 8,XX e a ação chegou a bater 7,XX, mas eu não quis vendê-la, me recusava a realizar um prejuízo e aceitar que eu havia errado. Aí, é claro, a ação desabou de novo, dessa vez pra sempre...esperei 1 mês, 2 meses e nada...1 ano e nada, então, quando eu vi que estava mantendo uma posição em ações de 200 reais e pagando custódia de uns 10 reais, finalmente vendi tudo e realizei meu preju a 15 CENTAVOS POR AÇÃO!
Então meu grande erro aqui foi a ganância, 4) eu já havia recuperado grande parte do prejuízo, sairia com uns R$1.000 a menos de uma operação absolutamente desastrosa, o que seria uma baita vitória, mas eu a mantive e acabei perdendo 11 mil reais (8 mil que eu havia investido inicialmente). Nunca nem tive a coragem de colocar custo de oportunidade em cima desse valor, pra ver minha perda real.

                2) O caso XPCM

                Quando eu descobri os FIIs, achei que havia descoberto uma mina de ouro, imagina só, um fundo corrigido pela inflação e que ainda me daria um fluxo de renda mensal, ou seja, eu estaria ganhando 1% ao mês real, ou 13% ao ano + inflação! Não acreditei e busquei mais informações, logo vi alguns anúncios dizendo que o inquilo era a Petrobrás e que a multa para ela sair era pesadíssima.
                Pronto, na hora já dei uma ordem de compra de uns 20 mil reais nela. Aqui então já vai o erro 5) se deixar levar pela emoção e enfiar todos os ovos em uma só cesta.
                O que eu não havia pesquisado era que existem as revisionais, que é a possibilidade de tanto o locatário quanto a locadora pedirem a revisão dos valores 3 anos após a celebração do acordo de aluguel. Acontece que com a queda no preço do petróleo e toda a crise da Petrobrás, ela começou um forte programa de corte de custos, que implicou em um esvaziamento da cidade de Macaé e até mesmo na empresa sair de um dos prédios do qual era inquilina (o imóvel do XTED, que ainda está vago).
                Ou seja, hoje, o valor do aluguel celebrado em 2013, está totalmente superestimado, então por isso a queda acentuada na cotação desse papel: o mercado já está precificando uma revisional negativa na ordem de 30% do valor vigente.
                Então em relação ao que paguei, estou com uma perda de cerca de 30%, mas se eu somar os rendimentos recebidos no período (totalmente errado do ponto de vista financeiro, pois os rendimentos não valem a mesma coisa do que o que eu paguei no papel lá atrás), aí esse preju fica praticamente zerado.
                Enfim, em relação ao XPCM, ainda o tenho em carteira, pois ao meu ver, os rendimentos estão muito atrativos (quase 1,5% ao mês) e estou vislumbrando a possibilidade de a revisional ser menos danosa ao investidor do que se está imaginando, se o mercado precificou 30% e a revisional for de 20%, a cotação vai subir muito e sim, sei que o contrário também pode acontecer, porém estou apostando na necessidade de a Petrobrás ficar em Macaé (1300 funcionários no prédio feito especialmente para ela), até por causa da recente desocupação do XTED, conforme eu comentei acima.
                Se tudo der errado, ainda confio na multa que a Petrobrás teria que pagar, nesse caso, 3 meses de aluguel mais os valores ainda devidos de customização, o que daria uns R$14 por cota.


                Esses foram meus principais erros dentro do mundo dos investimentos. Na época me martirizei bastante, achei que o mundo fosse acabar e fiquei bem mal, porém, com o tempo percebe-se que tudo é experiência e aprendizado e com certeza eu levarei esses dois casos como exemplo pro resto da vida, não apenas no campo financeiro, mas no pessoal e profissional também.

8 comentários:

  1. O mais difícil depois de assumir o erro é contar. Ninguém gosta de contar que perdeu, mesmo na Internet onde todo mundo é vencedor e diferente.

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    1. Concordo CF.

      Hoje em dia tudo se baseia na aparência, todos querem parecer o mais perfeitos e bem sucedidos possível, porém, esquecem-se que mesmo as grandes pessoas já erraram e muito algum dia.

      Gosto muito dessa frase do Michael Jordan:

      "Eu errei mais de 9.000 arremessos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Em 26 oportunidades, confiaram em mim para fazer o arremesso da vitória e eu errei. Eu falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E é por isso que tenho sucesso.”

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    2. Se tiver a oportunidade, leia a biografia do Arnold Schwarzenegger. O cara sempre errou em tudo, centenas de vezes, até descobrir um jeito de acertar mais que errou.

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  2. Nunca morri de amores por XPCM ou XTED pois conheço bem a cidade de Macaé e sei que a economia ali gira em torno da Petrobras.

    Sério, ninguém além da Petrobras tem cacife para ocupar prédios inteiros naquela cidade.

    Não é nenhum exagero dizer que pra prédios desse porte, a Petrobras é literalmente o único inquilino da cidade inteira!

    Quem tem XPCM tem que lidar com o fato de que ou a Petrobras permanece no prédio, ou o prédio fica vazio sem nenhuma perspectiva de reverter a situação, como aconteceu com a XTED.

    Imagina o poder de barganha que isso dá à Petrobras na hora de negociar uma revisional, e o poder destruidor caso ela opte por desocupar (caso XTED).

    Acho que mudar para multi-inquilino também não ajudaria muito. As empresas que prestam serviço para a Petrobras ou foram embora, ou reduziram seu quadro de funcionários ao máximo e funcionam no modo hibernação.

    Ademais, essas empresas que giram em torno da Petrobras costumam ocupar uma certa área que é parque industrial da cidade - nunca tiveram interesse em ocupar um prédio administrativo no centro.

    No mais, parabéns por compartilhar as experiências, mesmo que tenham sido negativas. Erros trazem lições.

    Abraço!

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    1. Obrigado pela contribuição Seu Madruga!

      E concordo, mais nenhuma empresa tem condição de locar um prédio inteiro em Macaé, por isso acho que a única solução tanto para XTED quanto XPCM seria fatiar os edifícios e locar para pequenas empresas, trabalhadores autônomos. Concordo com vc que não ajudaria muito, mas pelo menos manteria a vacância abaixo de 100% e evitaria possíveis chamadas de capital.

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  3. É importante reconhecer os erros para que eles não se repitam.

    Em geral sai mais caro aprender com os próprios erros do que com os erros dos outros.

    Abçs!

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