terça-feira, 30 de outubro de 2018

FJTA4 - Mais um escândalo na bolsa brasileira?

Sete anos depois do famoso caso de manipulação das ações da Mundial, que ficou conhecido como a bolha do alicate, temos mais um movimento extremamente atípico na bolsa brasileira.

Naquele caso, as ações da empresa começaram a subir sem parar, após os executivos terem feito algumas fraudes contábeis e batido de porta em porta nas grandes corretoras vendendo a grande reestruturação que estava acontecendo.

Com a ação disparando todos os dias, logo as pessoas físicas entraram. Foi o que bastou para os executivos começarem a despejar suas ações no mercado, como manda o bom manual do pump and dump.

Existe inclusive, um grupo de investidores que perderam juntos, mais de 15 milhões de reais.

O que aconteceu com os executivos que ganharam rios de dinheiro no caso? Em 2016 foram condenados em primeira instância, a prisão, pena que foi substituída por multa de 2,3 milhões de reais. Com toda certeza, uma fração do que eles ganharam.

Mas nem isso chegaram a pagar, a ação ainda está tramitando em segunda instância, então eles continuam tranquilões, enquanto toda a grana roubada está rendendo juros pra pagar a tal da multa, se é que vai ter no final.

Não sei se aconteceu a mesma coisa com as ações da Taurus, mas os indícios são fortes: até sexta ela subia 500% no ano. Em 2 dias depois da eleição caiu 50%.

Custa a CVM vir a público dizer que vai abrir uma investigação pra apurar?

Traria muito mais segurança e confiabilidade pra esse mercado capenga e extremamente volátil que é a bolsa brasileira.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

O que aprendemos com a rodada de hoje da Copa

Última rodada dos grupos de Brasil e Alemanha e, 4 anos depois dos 7x1, eles estão eliminados na primeira fase e o Brasil está nas oitavas, como sempre foi desde 1966.

E o que mudou de 4 anos pra cá?

Absolutamente nada, eles continuaram tocando a vida deles da forma que achavam certo e nós entramos numa busca incessante pra entender o que aconteceu e como aconteceu (mas sem nenhuma mudança no final).

E qual o ponto nisso?

Depois do 7x1, a população brasileira de uma forma geral entrou em curto circuito, começamos a procurar respostas para o que tinha acontecido, aparentemente nos 4 anos passados desde 2010 até 2014, a Alemanha tinha redescoberto o futebol e aperfeiçoado tudo que conhecíamos, fazendo os caras terem um time imbatível.

Lembram das manchetes dessa época? A minha favorita é:

"Veja como a Alemanha usou o Big Data para vencer a Copa do Mundo"

Enfiaram neurociência, psicologia, até ioga aí no meio.

Começou uma busca por uma resposta que nunca existiu, mas que deixou o país todo sentindo que tinha alguma coisa faltando. E hoje, 4 anos depois do famoso jogo, o Brasil está de novo nas oitavas de uma Copa do Mundo e a Alemanha em último lugar de um grupo medíocre, com países com uma tradição limitadíssima no futebol.

Mas será que lá vai ter essa comoção toda? Será que vão fazer uma análise profunda da seleção mexicana e buscar entender por que perderam o jogo pra eles? Será que vai ter Big Data da Coreia do Sul?

Acho que um dos nossos principais defeitos é justamente esse: a falta de personalidade e principalmente de auto estima, é o famoso complexo de vira lata.

Perdemos feio da Alemanha? Sim. Algo precisava mudar? Claro. Mas erramos feio ao entender que eles tinham a receita pronta para o sucesso e que deveríamos copiar exatamente tudo que eles estavam fazendo.

E podem até achar que não, mas eu digo que isso nos afeta em absolutamente todos os aspectos e é péssimo pro país.

Claro que é legal termos modelos pra nos espelharmos, mas a população brasileira em geral gosta de ver os pontos mais negativos do nosso país e comparar com os pontos mais positivos de outros países que, em muitos casos,  só possuem aquilo de positivo.

Exemplos não faltam:

"Nosso país é o pior em educação, não temos um prêmio Nobel, olha os Estados Unidos"

Cara, Bangladesh tem 2 desses prêmios e estamos na frente deles em absolutamente todos os rankings de educação.

"Nosso país é o mais corrupto do mundo, olha a Suíça"

Cara, olha Rússia, Índia, México, todas economias do nosso porte e muito mais corruptas.

O Brasil não é perfeito, longe disso, mas estamos atacando os problemas da pior forma possível, pegando nossa situação atual e querendo que da noite pro dia já estejamos no patamar dos melhores países em cada quesito.

Falta planejamento, foco, soluções de longo prazo, e sobram discursos populistas e soluções emergenciais caras e ineficazes.

sábado, 14 de abril de 2018

IPCA x IGPM

    Nesse post vou comentar sobre as diferenças entre IPCA e IGPM. Meu objetivo é mostrar qual dos 2 é melhor para você atrelar sua aplicação.



                Primeiramente, já existe um certo preconceito e uma máxima muito falada de que o IPCA, por ser um índice calculado pelo IBGE e o número oficial da inflação no Brasil, é objeto de maquiagem e alteração, visando esconder a inflação real, especialmente em momentos em que ela sobe bastante. Já o IGPM na prática deveria ser mais confiável e isento, já que é calculado por uma universidade conceituada, que é a FGV, e possui um longo histórico (é calculado desde 1989). Por essa confiança do mercado o IGPM é popularmente conhecido como a “inflação do aluguel”. Vamos ver se isso pode ser verdade.
                IPCA significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e é calculado pelo IBGE desde 1979. Busca medir a inflação das pessoas com renda entre 1 e 40 salários mínimos e é calculado apenas em algumas regiões metropolitanas. É composto da seguinte forma:

Item
Peso
Alimentação
25,21%
Transportes e Comunicação
18,77%
Despesas Pessoais
15,68%
Vestuário
12,49%
Habitação
10,91%
Saúde e Cuidados Pessoais
8,85%
Artigos de Residência
8,09%

                Já o IGPM significa Índice Geral de Preços do Mercado e busca replicar a inflação para toda a população, sem níveis de renda. É composto por 3 índices, sendo essa a divisão:

Item
Peso
IPA
60%
IPC
30%
INCC
10%

                Apenas para conhecimento, segundo a FGV, o IPA, que possui o maior peso, “registra variações de preços de produtos agropecuários e industriais nas transações interempresariais, isto é, nos estágios de comercialização anteriores ao consumo final.”
                O que eu fiz foi compilar todos os dados de ambos os índices desde 1995 (a partir desse ano pois inflações de 10.000% não iriam ajudar essa análise em nada) para analisar e tirarmos algumas conclusões. Primeiramente o gráfico:




                Olhando o gráfico já podemos tirar 2 conclusões, 1) o IGPM sofre muito mais volatilidade, enquanto o IPCA é mais constante; e 2) ambos sempre seguem a mesma tendência.
                Dado isso, vou expor mais alguns dados obtidos com essa série histórica:

- Dos 23 anos que estamos analisando, o IPCA foi maior em 10 anos, enquanto o IGPM “ganhou” em 13 anos;
- A maior variação do IGPM foi de 25,3%, em 2002, e a menor -1,71%, em 2009;
- A maior variação do IPCA foi de 22,41%, em 1995, e a menor 1,65%, em 1998;
- O IGPM acumulado de 1995 até 2017 é de 511%;
- O IPCA acumulado entre os mesmos anos é de 383%.

Conclusão

                Essa dúvida me surgiu quando vi o mesmo banco oferecendo LCI a IGPM+6% e IPCA+5,9%, não entendi por que o título atrelado ao IPCA estava pagando um prêmio a menos, então decidi investigar se ele tende a render mais que o IGPM, mas a resposta é não: um título atrelado ao IGPM tende a render mais ao longo do tempo, pois, apesar de sofrer uma volatilidade bem maior, numa amostra de 23 anos rendeu 33% mais que algo atrelado ao IPCA.
                Importante observar também que se há alguma maquiagem no cálculo do IPCA, ela é bem sutil, pois ao longo dos anos ambos os índices se movem de forma semelhante, apesar da maior intensidade do IGPM. Por mais incrível que possa parecer, os números que mais se descolam não são durante o governo do PT.
                Ou seja, apenas aceite um título atrelado ao IPCA se este oferecer um prêmio de 1,5% ao ano a mais que o mesmo título atrelado ao IGPM, pois esta é a diferença entre as suas médias históricas.


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terça-feira, 20 de março de 2018

Amanhã tem decisão do Copom - mas e daí?

Hoje começou a reunião do Copom, que termina só amanhã quando então deverá ser anunciada a nova taxa Selic de 6,5%.

O cenário interno está ajudando bastante nesses cortes: a inflação está persistentemente baixa e o PIB não dá grandes sinais de recuperação.

Agora sim deverá ser o último corte, mesmo porque o cenário externo já não está tão favorável: olhando principalmente os EUA, que puxam o mercado mundial, a inflação já está ficando alta (pros padrões deles) o que já força um aumento nas taxas de juros.

Chegaremos então a um novo recorde de baixa na nossa taxa de juros, mas isso não deve ter o efeito esperado na economia, que basicamente é acelerar a atividade econômica, criar empregos, melhorar salários...

Somos muito dependentes de commodities e do nosso mercado interno, não temos uma atividade industrial forte, então mudanças nas taxas de juros têm mais efeito no combate a inflação do que no estímulo ao crescimento.

Enquanto não aprovarmos a reforma da previdência (uma de verdade, não o absurdo que queriam votar, que pra variar quer colocar o peso do país inteiro nas costas da classe média trabalhadora, enquanto poupa diversos setores como professores, forças armadas, políticos e especialmente, juízes...pra mim, aposentadoria especial só pra polícia e estou falando de tempo de serviço, não valores especiais).

Outra reforma urgente é a tributária...por causa dela, somos um zero a esquerda no mercado global e só conseguimos exportar laranja, soja, boi, nada de valor agregado, basicamente somos um pasto enorme, vendendo nossos produtos naturais a preço de banana, enquanto importamos todo o resto a peso de ouro, enriquecendo os países desenvolvidos.